Os perigos ocultos das redes sociais

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Perigos das redes sociais em tempos de isolamento social

Em tempos de isolamento social há uma predisposição maior para o uso das redes sociais, tanto por adultos, como por menores. A importância da internet já era considerável antes da pandemia e agora, em tempos de recolhimento, tornou-se um dos principais recursos de entretenimento.

Através dela, temos acesso a informação inesgotável, compras, lazer, educação e, principalmente, comunicação. E, neste último ponto, o destaque vai inevitavelmente para as redes sociais. Estima-se que mais de mil milhões de pessoas têm perfis em plataformas como o Facebook, Instagram, Youtube, WhatsApp, Twitter, SnapChat, entre outras, e que mais de cinco milhões de crianças abaixo de 13 anos têm conta no Facebook, apesar de esta rede social “proibir” crianças menores de 13 anos fazerem parte da rede. Mas já diz o ditado que o fruto proibido é o mais apetecido e, por conseguinte, é fácil ultrapassar essa proibição, mentindo na idade.

Apesar de todas as vantagens e da componente de entretenimento que esses espaços oferecem, eles representam também um enorme perigo, porque as crianças são colocadas diante de um ecrã cheio de possibilidades e de informações para as quais ainda não têm completa capacidade de discernir o que é verdadeiro ou falso e o que representa perigo ou não. Assim, abre-se uma porta para uma plateia que pode representar o pior pesadelo dos pais.

É frequente que a criança ou adolescente com perfil próprio coloque fotografias de tudo o que faz, ficando acessível a centenas ou milhares de pessoas. Embora possam parecer partilhas inofensivas, essa rotina pode sujeitá-los a vários riscos, sobretudo a pessoas mal-intencionadas e com objetivos muito claros e, geralmente, de cariz criminal.

É fundamental que os pais exerçam uma supervisão rigorosa sobre os conteúdos e que, acima de tudo, eduquem as crianças no sentido de as alertar para os perigos existentes. É importante que as orientem sobre os conceitos de risco e de segurança na internet, falando abertamente sobre os conteúdos que podem publicar e de que forma. Devem também explicar o que é atividade inapropriada (como a partilha de fotografias íntimas), cyberbullying, perseguição (stalking) e qual risco de divulgação da informação pessoal. É indispensável que os pais ensinem as crianças sobre a responsabilidade que é ter um perfil numa rede social e quais são as boas condutas a seguir, reforçando que o que é divulgado permanece na internet, mesmo que os conteúdos sejam removidos.

Esta partilha é uma forma de dotar as crianças de conhecimento que as permitirá entender os riscos das redes sociais, bem como mantém uma linha de comunicação aberta e segura com os pais, de forma a poderem recorrer a eles se algo sair da “normalidade” para a qual foram instruídas. Além disso, os pais devem monitorizar toda a atividade online dos seus filhos, para que lhes possa não só dar indicações do seu comportamento (se é ajustado ou não), como saber quem faz parte dos contactos dos seus filhos.

Eis algumas indicações que pode (e deve) transmitir aos seus filhos:

  1. Não adicionar pessoas que não conhece na vida real. Essas pessoas podem querer marcar um encontro e isso traz mutos riscos, inclusivamente o de morte. Até porque o perfil que adicionaram pode nem corresponder à pessoa que verdadeiramente está do outro lado do ecrã.

  2. Ainda que se possa conhecer circunstancialmente a pessoa, nunca se deve marcar um encontro com ela, sem informar os pais. Regra de ouro a aplicar se for um completo estranho.

  3. Evitar publicar fotos íntimas da criança/ adolescente ou da família, porque elas poderão ser usadas por pedófilos ou pessoas mal-intencionadas que poderão vir a fazer chantagem. Além de que as fotos, mesmo depois de removidas, continuarão na internet, como já alertado. É importante que as crianças não enviem fotografias, porque em todas as fotos existem dados EXIF que são informações sobre a câmara com a qual foi tirada a foto, permitindo que quem a recebe possa rastrear o local onde foi tirada. Deve ser explicado às crianças que as fotografias contêm informações de localização, o que poderia ajudar um estranho a encontrá-las.

  4. Nunca revelar dados pessoais, como morada, telefone, escola que frequentam ou outros, porque estes dados podem ser usados para roubar ou sequestrar alguém.

  5. Ensinar a criança de que também deve ter um comportamento saudável em relação aos outros. Esconder-se atrás de um ecrã, sob anonimato na rede, e insultar outros é covardia e o perfil pode ser identificado.

  6. Deve-se denunciar se se verificar comportamentos de bullying, discriminando ou ameaçando outras pessoas. Converse com seus filhos sobre bullying e partilhe a ideia de não alimentar boatos nem falar mal de outras pessoas. Além de ser crime, as consequências podem ser muito danosas à vítima. Deve-se ensinar as crianças a colocarem estas questões: Aquilo que eu vou dizer prejudicará os sentimentos de alguém? Como é que eu me sentiria se recebesse esta mensagem? Isto é ameaçador de alguma forma?

Lembre-se que as crianças são particularmente vulneráveis no mundo real, onde todos podem usar a máscara que quiserem. Limite a publicação de fotos e a exposição das suas rotinas diárias e os locais que frequenta. A melhor maneira de proteger as crianças é ensiná-las a ter comportamentos seguros online, de forma a que não se tornem vítimas e façam parte das estatísticas obscuras que as redes sociais acarretam.

As explicações são da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND – Psicologia Clínica e Forense.

Fonte:

https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/perigos-das-redes-sociais-em-tempos-de-isolamento-social

5 perigos das mídias sociais para os adolescentes

Por Equipe Sempre Família


Quando falamos de riscos associados ao uso de tecnologia por adolescentes, o que costuma vir à cabeça é a presença de abusadores sexuais na rede, o cyberbullying e o sexting – o compartilhamento de fotos sexualmente explícitas entre duas pessoas. De fato, esses três problemas são muito nocivos e são mais comuns do que as pessoas pensam. É preciso falar sobre eles. No entanto, há outros riscos, ainda mais sutis, que geralmente são minimizados ou ignorados.

É papel dos pais e de toda a sociedade traçar os limites do uso da tecnologia para que os nossos adolescentes possam estar seguros. Confira 5 perigos que as mídias sociais trazem ao seu filho todos os dias:

  1. Fotos de festas

As festas a que os adolescentes costumam ir já são um risco por si só. Mas nesse momento o assunto é outro: o compartilhamento de fotos que os mostrem nesses ambientes. No impulso de fazer novos posts, muitos adolescentes sequer pensam que familiares, antagonistas e até futuros empregadores poderão ver esse conteúdo. Como filtro para a postagem, o adolescente poderia se perguntar três coisas antes de compartilhar uma foto: a) você ficaria confortável se um futuro chefe ou o diretor do colégio visse essa foto? b) tudo bem se a sua avó ver isso? c) alguém que não gosta de você poderia usar esse conteúdo contra você?

  1. Comparações

Quando todos postam de tudo, é difícil não comparar a própria vida com a dos outros. E na adolescência é mais complicado ainda lidar com isso. Os adolescentes podem fazer das redes sociais um ambiente competitivo em que precisam mostrar que a sua vida é mais excitante que a dos outros. Isso alimenta o centramento no próprio ego, o que facilmente leva a desenvolver o hábito de mentir constantemente – além de potencializar comportamentos perigosos apenas para exibir aos outros. Com tudo isso, o processo de construção da própria identidade, típico da adolescência, se distorce e se descaracteriza, gerando adultos imaturos.

  1. Hipersexualização

Adolescentes são bem ligeiros em perceber que a sua sexualidade recém-descoberta pode ser usada para chamar a atenção para si e até para manipular. As redes sociais fornecem uma audiência virtualmente ilimitada para isso. Os adolescentes, principalmente as meninas, se sentem empoderados com essa possibilidade e não têm maturidade para se autorregular. Sabe essas consequências de que falamos nos dois primeiros tópicos? Todas elas se aplicam aqui também.

  1. Tentativas de viralização

Muitos adolescentes estão doidos para ser a nova sensação da internet. Mas para conseguir isso, vários deles estão dispostos a fazer coisas extremas, perigosas ou humilhantes. Eles podem colocar em risco a própria integridade física e a dos outros e não estão preparados para as consequências da visualização massiva desses vídeos. Basta pensar: como você lidava com críticas quando era adolescente?

  1. Humilhações

Não apenas os adolescentes, mas todos nós estamos desesperados por atenção com nossos posts em redes sociais e nossas câmeras em nossos smartphones. Quantas vezes você já não viu algum vídeo que registrava um momento humilhante de outra pessoa? Sempre que alguém faz algo embaraçoso, alguém filma e posta nas redes sociais em questão de segundos – é como jogar alguém às piranhas. Um erro simples ou uma pisada na bola pode significar uma vida arruinada. Quando postamos algo nocivo, compartilhamos um conteúdo que devasta a vida de outros ou nos juntamos ao coro de comentários raivosos contra alguém, temos sangue em nossas mãos.

Fonte:

https://www.semprefamilia.com.br/educacao-dos-filhos/5-perigos-das-midias-sociais-para-os-adolescentes/

Dependência das redes sociais: principais causas e sintomas

IBERDROLA CORPORATIVA

Psicólogos, psiquiatras e especialistas do Vale do Silício alertam que o uso das redes sociais pode ser viciante e suas consequências, as mesmas de qualquer outra dependência: ansiedade, dependência, irritabilidade, falta de autocontrole… Diante dessa conjuntura cada vez há mais vozes que questionam: As redes sociais são um problema real?

Um estudo realizado pela Chicago Booth School of Business indicava, cinco anos atrás, que o Facebook, Twitter e outras redes sociais têm uma capacidade de viciar superior à do tabaco ou do álcool porque, entre outras coisas, acessá-las é simples e gratuito. Além disso, se o próprio pai do IPad, IPod, IPhone, Steve Jobs, não deixava que seus filhos tivessem muito contato com a tecnologia — limitava o tempo de uso deles — seria porque, provavelmente, imaginava que as redes sociais poderiam afetar os mais jovens.

A verdade é que, no parecer de muitos especialistas, o uso das redes sociais — incluindo aplicativos de mensagens instantâneas — pode chegar a criar sérias dependências com suas respectivas consequências: ansiedade, depressão, irritabilidade, isolamento, distanciamento da vida real e das relações familiares, perda de controle, etc. Mas, o que realmente entendemos como dependência?

A Real Academia da Língua diz que o vício é uma dependência de substâncias ou atividades nocivas para a saúde ou equilíbrio psíquico. Entre essas atividades estão, por exemplo, o uso de videogames — já catalogado como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) —, o trabalho compulsivo, o jogo on e offline e, para muitos, também a utilização excessiva de redes sociais que, na realidade, já contam com mais de 3 bilhões de usuários ativos em todo o mundo. No entanto, apesar dos elevados números, os especialistas consideram que só uma pequena porcentagem desses 3 bilhões mostra uma verdadeira dependência das redes sociais.

CAUSAS E PERFIS DAS PESSOAS DEPENDENTES DAS REDES SOCIAIS

Entre as causas mais reconhecidas da dependência das redes sociais se encontra a baixa autoestima, a insatisfação pessoal, a depressão ou hiperatividade e, inclusive, a falta de afeto, carência que muitas vezes os adolescentes tentam preencher com os famosos likes. De fato, muitos jovens os procuram quase compulsivamente para experimentar uma intensa — mas sempre breve — sensação de satisfação que, no entanto, pode ser contraproducente uma vez que os tornam dependentes, ao longo do tempo, da opinião dos outros.

O perfil majoritário do dependente é o de um jovem de 16 a 24 anos. Os adolescentes são os que correm um maior risco de cair na dependência, de acordo com os especialistas, por três motivos fundamentais: sua tendência para a impulsividade, a necessidade de terem influência social ampla e expansiva e, finalmente, a necessidade de reafirmar a identidade de grupo.

Sherry Turkle, psicanalista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), pesquisou extensamente o impacto das redes sociais nas relações e afirma que estas debilitam os laços humanos. Em seu livro Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other descreve detalhadamente os impactos negativos de estarmos constantemente conectados, o que paradoxalmente já implica uma certa sensação de solidão. Tal como ela mesma afirma “os laços que formamos através da Internet não são, no final, os laços que unem, mas sim os laços que preocupam”.

SINTOMAS DA DEPENDÊNCIA DAS REDES SOCIAIS

O que determina a dependência? A fronteira é difusa, mas existem alguns indícios que dão bastantes pistas sobre se essa dependência das redes sociais existe ou não, embora a última palavra corresponda sempre a um profissional médico. Estes são os tiques mais habituais:

  • Nervosismo quando não se tem acesso à Internet, a rede social não funciona ou está mais lenta do que o habitual.

  • Consultar as redes sociais assim que se levanta e antes de se deitar.

  • Sentir-se inquieto se não tiver o smartphone ao alcance da mão.

  • Caminhar utilizando as redes sociais.

  • Sentir-se mal se não receber likes (curtidas), retweets ou visualizações.

  • Usar as redes sociais enquanto dirige.

  • Preferir a comunicação com amigos e familiares através de redes sociais em vez de frente a frente.

  • Sentir a necessidade de compartilhar qualquer coisa da vida diária.

  • Achar que a vida dos outros é melhor do que a sua, em função do que vê nas redes.

  • Fazer check-in para cada local ao qual vai.

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COMO PREVENIR A DEPENDÊNCIA DAS REDES SOCIAIS

Assim como acontece com todas as dependências, prevenir é mais fácil do que remediar. Neste sentido, existem algumas práticas simples que são muito eficientes para evitar esse uso excessivo das redes sociais que acaba desencadeando a dependência. Entre as mais eficientes se encontram as seguintes:

  •  Estabelecer um tempo mínimo de 15 minutos entre conexões.
  •  Prescindir do celular em momentos-chave do dia (café da manhã, almoço ou jantar).
  •  Desativar as notificações automáticas.
  •  Ativar o modo silencioso do celular e não utilizá-lo, nem como relógio, nem como despertador, para evitar a tentação.
  •  Estabelecer um tempo mínimo por dia para desenvolver atividades totalmente desconectadas — como praticar esporte, ler ou ouvir música.
  •  Reduzir o número de amigos nas redes sociais.
  •  Eliminar aplicativos e abandonar grupos de WhatsApp prescindíveis.

Fonte:

https://www.iberdrola.com/compromisso-social/como-redes-sociais-afetam-jovens

Crianças nas redes sociais: perigo para toda a família


Uma lei federal americana destinada a proteger a privacidade de crianças nas redes sociais pode, inconsequentemente, levá-las a revelar muito sobre suas vidas no Facebook. Um novo estudo mostra exemplos do quanto é difícil regular as vidas digitais de menores na web. Saiu no jornal americano The New York Times.

O Facebook proíbe crianças menores de 13 anos de fazerem parte da rede, devido ao Ato de Proteção de Privacidade de Crianças Online, ou Coppa, que requer que empresas web exijam o consentimento dos pais que desejam permitir que crianças abaixo da idade estipulada criem uma conta ou façam parte de uma rede social. Para contornar a proibição, as crianças geralmente mentem suas idades – e os pais, algumas vezes, as ajudam a mentir, mas ficam de olho no que elas postam, tornando-se seus amigos no Facebook.

De acordo com dados do Consumer Reports, existem mais de cinco milhões de crianças abaixo de 13 anos no Facebook.

Deixar crianças controlando seus perfis na rede social pode trazer algumas consequências indesejáveis. O estudo, conduzido por cientistas da computação do Instituto Politécnico da Universidade de Nova York, encontrou em uma determinada escola uma pequena porção de estudantes que mentem suas idades só para conseguir criar uma conta no Facebook. O problema é que uma simples mentira pode ajudar completos estranhos a coletar dados importantes sobre a vida de um jovem e de seus colegas, colocando a privacidade de todos eles em risco.

O estudo também ilustra o paradoxo entre as leis de proteção a crianças e o que de fato acontece. Os achados mostram que os pais destas crianças se preocupam com sua privacidade e segurança, mas parecem não entender a gravidade dos riscos a que seus filhos e colegas de classe podem ser submetidos.

O Facebook afirma, há muito tempo, que é difícil descobrir cada adolescente que mente sua idade, mas tenta proteger a privacidade de menores: quem tiver de 13 a 18 anos na rede, terá, automaticamente, suas fotos e atualizações de status liberadas apenas para amigos. No entanto, este sistema pode ser facilmente burlado se a criança se fizer passar por um adulto de 20 anos, por exemplo.

O professor de ciências da computação Keith W. Ross é um dos autores do estudo e explica que pessoas mal intencionadas podem associar sobrenomes de crianças aos de seus pais, descobrindo dados como endereço e telefone. E diz que a lei Coppa, embora tente proteger essas crianças, acaba servindo de incentivo para que elas mintam suas idades, o que torna o controle nas redes sociais ainda mais difícil.

“Em um mundo sem a lei Coppa, a maioria dos garotos e garotas seria honesta ao criar contas. Eles seriam então tratados como menores, até completarem 18 anos”, ressalta o professor. “Mostramos que no mundo sem Coppa, a pessoa mal intencionada encontraria bem menos jovens estudantes, e aqueles que encontrasse teriam pouquíssimas informações a exibir”.

O modo como as crianças se comportam online é um dos assuntos que mais aborrecem os pais. Algumas pesquisas independentes mostram que os pais se preocupam com o que seus filhos escrevem na rede e como isso poderia prejudicá-los no futuro. Um estudo recente realizado pelo Pew Internet Center mostrou que a maioria dos pais, além de se preocupar, tentava ajudar seus filhos a a gerenciar o conteúdo de suas informações digitais. E metade dos pais já conversou com os filhos a respeito de algo que postaram na rede.

Ainda segundo o estudo do professor Ross, os adolescentes parecem ser mais preocupados com sua privacidade que as crianças. Eles controlam com mais afinco quem é que vê suas informações na rede e dão mais atenção a medidas de segurança.

Já um outro estudo realizado pelo Family Online Safety Institute indicou que quatro em cada cinco adolescentes já ajustaram suas configurações de privacidade em suas contas na web, incluindo a do Facebook. Dois terços restringiram acesso a suas fotos e postagens na rede.

Fonte:

https://canaltech.com.br/comportamento/Criancas-nas-redes-sociais-perigo-para-toda-a-familia/

O que drogas, games e redes sociais têm em comum? Cientistas Explicam


Como ficamos viciados por drogas, videogame ou redes sociais?

“Ficar sem poder utilizar (…) pode fazer com que certas pessoas se sintam ansiosas ou em pânico, com abstinência e sensação de vazio. Indivíduos dizem sentir uma vontade cada vez maior (e às vezes inconsciente) de usar (…) novamente, não importa onde. Na fila do banco, na sala de espera de uma consulta ou em casa, podendo ocorrer inclusive na presença de familiares. Diferentemente dos primeiros dias, mais horas são dedicadas a (…) para obter o mesmo nível de prazer. Pessoas são avistadas fazendo uso (…) ao ar livre, sem que ocorra interação com os usuários que estão ao lado…”

O trecho acima pode ser a descrição de um viciado em drogas. Mas será que você se encaixa nesse perfil se trocarmos “drogas” por “redes sociais“, “celular” ou “jogos eletrônicos”. Leia novamente o texto e insira qualquer uma dessas palavras logo após os trechos em negrito. Podem cair como uma luva, não?

A GlobalWebIndex, empresa que compila dados de comportamento do consumidor pelo mundo, revelou que, em 2015, os brasileiros já ficavam aproximadamente três horas e 40 minutos conectados a internet por meio do celular. Isso dá cerca de 26 horas por semana. As redes sociais são os produtos mais consumidos na telinha do smartphone.

Outro levantamento, este feito em 2015 pela National Purchase Diary Panel, companhia americana de pesquisas de mercado, descobriu que 82% dos brasileiros entre 13 e 59 anos jogam algum tipo de game, seja no computador, seja no videogame, seja no celular… O estudo aponta que essa recreação consome, em média, 15 horas semanais dos jogadores.

Olhando esses números parece que somos uma nação de viciados em games e redes sociais, né? Mas o que é realmente considerado um vício? Será que existe semelhança entre a sede incontrolável por drogas, a vontade de passar horas e horas jogando e a compulsão por saber o que está acontecendo na vida das outras pessoas? Vamos entender como nosso cérebro percebe essas situações e ver o que está por trás das cortinas desses comportamentos.

Conversa de neurônio

Antes de entrarmos nos redutos cerebrais do vício e da compulsão, precisamos entender de uma maneira rápida e simples como os neurônios se comunicam.

Existem duas maneiras de as células nervosas conversarem: por sinais elétricos, transmitidos diretamente entre os neurônios, e por um sinal químico, obra dos neurotransmissores. O sinal elétrico é bem mais rápido, enquanto o químico pode ser regulado com muito mais precisão.

Tá, e as drogas com isso? Então, substâncias lícitas e ilícitas atuam muitas vezes se disfarçando de neurotransmissores. Vamos nos aprofundar um pouco mais sobre esses mensageiros químicos.

Imagine aquele brinquedo de criança de encaixar os blocos em formato de círculo, quadrado ou triângulo no buraco correspondente. Agora faça de conta que os blocos são os neurotransmissores, a criança é o neurônio que libera os neurotransmissores e a caixa é o outro neurônio que absorve os neurotransmissores por meio dos seus neuroreceptores, os buraquinhos com as formas geométricas correspondentes.

Nesse mesmo brinquedo, hoje mais moderno, soam barulhos diferentes para cada bloco encaixado com sucesso. Pois bem, você acaba de entender como funciona uma sinapse química.

No nosso cérebro, ocorrem milhões de sinapses químicas o tempo todo. Nesse bate-papo entre neurônios, eles ficam a uma distância de cerca de 40 nanômetros um do outro e não se tocam fisicamente. Para ter uma noção desse espaço, um fio de cabelo tem 75 mil nanômetros de diâmetro. Sim, é muuuito pequeno. Nesse minúsculo pedaço neurotransmissores são liberados por um neurônio e assimilados pelos neuroreceptores do outro neurônio.

Voltemos ao nosso brinquedo de encaixar. Assim que uma criança pega um bloco (círculo, triângulo…), existem quatro possíveis destinos no jogo:

  1. O bloco é colocado no lugar certo e a música toca;

  2. O bloco não encaixa e vai parar junto com os outros blocos;

  3. A criança pega o bloco de volta e esquece do jogo;

  4. A mãe dá um sumiço no bloco porque quer que a criança faça outra coisa (tipo comer a papinha!)

 No paralelo, quatro cenários são vislumbrados para o neurotransmissor:

  1. Ele pode ser absorvido pelo neurônio seguinte;

  2. Pode se acumular no espaço entre os neurônios;

  3. Pode ser reabsorvido pelo neurônio que o liberou;

  4. Pode ser degradado

Pronto! Depois de uma breve aula sobre os neurotransmissores, vamos lançar nossos holofotes para um deles, a famosa dopamina.

Muito prazer, dopamina!

Esse neurotransmissor atua em diversas frentes: está envolvido com a memória, a regulação do sono, a motivação e o sistema de recompensa. Sistema de recompensa é o circuito ativado toda vez que você faz sexo, foge de algo perigoso, sobrevive a um susto. Nessas horas é como se nosso cérebro nos desse um prêmio e declarasse: “Parabéns, isso foi bom! Faça de novo! Inclusive vou ajudá-lo a se lembrar dessa sua atitude para repetir a dose em breve”.

Essa recompensa pode vir de situações muito diferentes: saltar de paraquedas, por exemplo. Caso você tenha coragem de pular e o dispositivo abrir — isto é, nada trágico lhe acontecer —, um caminhão de dopamina poderá ser liberado durante a queda e o pouso. Isso ativará regiões do cérebro associadas ao bem-estar e, bingo!, você se sentirá o máximo. E o máximo mesmo, porque você acabou de sobreviver a uma situação que seu cérebro insistia em considerar perigosa. Não é à toa que uma porção de gente fica viciada em saltar de paraquedas ou praticar outros esportes radicais.

A recompensa vem de formas menos radicais também. Comida com muita caloria faz seu cérebro se sentir feliz e julgar esses alimentos como algo muito bom e necessário. De batata frita em batata frita, nossa cabeça passa a interpretar o seguinte: “Por que você não come mais? Por que não dá sempre preferência a esse tipo de comida? Vai que não temos mais essa delícia amanhã…” A indústria alimentícia sabe disso. Por que você acha que temos tantos produtos altamente calóricos e com pouco valor nutricional na prateleira do mercado e no balcão das lanchonetes?

Comida calórica, quedas vertiginosas pelo céu, drogas… Eis a dopamina em ação. Tudo que nos dá muito prazer induz liberação de dopamina e estimula o pedido de “quero mais!”. Parece a receita da felicidade, certo? Será? Hora de ver o outro lado da moeda: o vício.

Que vício foi esse?

Nosso cérebro é tão fantástico que equilibra a liberação de dopamina e outros neurotransmissores. Sim, não se vive só de prazer. Como explicamos, neurotransmissores podem ser reabsorvidos pelo próprio neurônio que o liberou e, assim, a massa cinzenta tem um controle mais preciso para estimular determinada cadeia de células nervosas.

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O vício acontece quando esse equilíbrio é quebrado. Um neurotransmissor não volta para onde devia ou é liberado numa proporção muito maior que o normal. São coisas que podem acontecer inclusive em razão de uma predisposição genética.

Os vícios por drogas e por certos comportamentos são fisiologicamente parecidos, ou seja, ocorrem no mesmo lugar do cérebro e ambos se sustentam em uma dependência bioquímica. A grande diferença é que o vício comportamental faz com que o cérebro tenha um desequilíbrio químico momentâneo. Como consequência, você terá vontade de sentir de novo aquela sensação um tempo depois. E isso pode acontecer até o ponto de o cérebro perder o comando e não conseguir mais cortar tal estímulo, o que atrapalha a vida e suas obrigações.

Com as drogas, há uma mudança química no cérebro. As substâncias podem agir diretamente no mecanismo de reabsorção da dopamina ou até mesmo se disfarçar de neurotransmissor. É como se passassem a ter certo domínio sobre a nossa cuca. Quer um exemplo de quem faz uma coisa dessas? Vou soprar a resposta: a nicotina.

Obrigado por fumar

Dos inúmeros componentes do cigarro, a nicotina é, com certeza, o pior elemento em matéria de vício. Ela se passa por um neurotransmissor, a acetilcolina, para enganar o cérebro. A acetilcolina é uma espécie de gerente de fábrica e controla a linha de montagem da dopamina. Quanto mais acetilcolina houver monitorando a fábrica, mais dopamina será produzida.

Quando um fumante dá uma tragada, é como se um bando de gerentes mandasse todo mundo fazer hora extra. Resultado: uma enxurrada de dopamina se espraia pelo cérebro. Vem uma sensação prazerosa, uma vontade de vestir o chapéu de caubói, montar um cavalo e sair galopando e soltando fumaça pelo campo. O cérebro adorou e registra: “Isso foi bom! Lembre-se disso! Repita mais vezes!”

Mas digamos que a nicotina é tão insidiosa que, além de se disfarçar de gerentona, ainda impede que a dopamina volte para o neurônio que a liberou (uma maneira de botar um ponto final no prazer). Isso permite com que a região entre os dois neurônios fique inundada de dopamina. Agora dá para entender por que o cigarro vicia tanto e muita gente sofre para abandoná-lo. Quando o sujeito para de fumar, os níveis de nicotina desabam e, por consequência, os de dopamina também caem. Aí nasce a abstinência. O que, bioquimicamente, significa: “Por favor, quero mais dopamina… Me encha de dopamina!”

Como a acetilcolina tem outras funções — participa da memória, do aprendizado, da respiração, do ritmo cardíaco, dos movimentos musculares… —, a nicotina bagunça muito o organismo.

Falamos de cigarro, mas a tal dopamina é o mesmo neurotransmissor excitado por drogas como cocaína e heroína. Existem substâncias que causam um desequilíbrio ainda maior entre os mensageiros químicos, mas digamos que a nicotina faz um trabalho bem sujo.

Seu cérebro já curtiu hoje?

Diferentemente das drogas, nas redes sociais (Facebook, Instagram…) sentimos prazer por fazer parte de um grupo, especialmente se ele tem pessoas com pensamentos parecidos com os nossos. Ao compartilhar uma notícia, ideia ou prato de comida, esperamos que nossos amigos virtuais curtam e comentem a postagem.

Quando nossos posts recebem um monte de curtidas e visualizações, nosso cérebro entende que essa atitude é digna de recompensa e sentimos prazer. Tome dopamina! Caso o post não tenha sucesso, ficamos frustrados.

Além disso, as redes podem gerar aquela compulsão por atualizar a página a cada cinco minutos. Sentimos que precisamos acompanhar tudo o que acontece. O que nossos amigos andam fazendo, por onde estão viajando, o que comem e curtem… E, claro, lá vem a necessidade de se expor e fazer o mesmo. Caso contrário, você fica fora da conversa… Fora do grupo.

Uso a palavra “compulsão” para me referir a comportamentos excessivos diante das mídias sociais porque ainda não há estudos suficientes para bater o martelo quanto a um “vício”. No vício, as pessoas perdem o controle. Não conseguem parar de usar uma droga ou repetir certo comportamento. E ainda não foi reportado um caso de um indivíduo que deixou de comer ou fazer outras atividades para viver exclusivamente nas redes sociais.

Já no caso dos jogos eletrônicos a coisa muda de figura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) passará a classificar o vício em games como um transtorno psiquiátrico a partir deste ano. Já existem diversos relatos e estudos comprovando que pessoas deixam de comer para jogar. Sites de notícias internacionais já divulgaram casos de mortes por parada cardíaca causadas pela exaustão de dias de game sem comer e dormir.

Jogos eletrônicos, particularmente os online, ativam o sistema de recompensa rapidamente. No começo, o jogo é tranquilo e fica fácil obter as vitórias. Mas, conforme as fases avançam, torna-se mais difícil cumprir as missões. Isso demanda horas extras destinadas ao jogo. Além do êxito individual (“fechei mais um!”), há o sentimento de ser reconhecido na comunidade online que também joga. É evidente que a maioria dos jogadores não se vicia e corre riscos de saúde por causa dos games, mas cabe uma reflexão se você passa horas no computador, videogame ou smartphone.

Você no comando

Como pisar no freio de vícios e compulsões? Como deixar de ser refém das redes sociais? Bom, se a situação fugiu de controle, melhor procurar um profissional de saúde. Mas saiba que, por mais contraditório que pareça, existem aplicativos de celular, caso do Forest: Stay Focused (para Android) e do Moment (iOS), que nos incentivam a deixar o smartphone de lado por alguns minutos e nos dão recompensas virtuais por isso. O Forest planta uma árvore para cada período longe de outros apps. O Moment avisa se você passou tempo demais olhando para o celular.

Outra dica: se você sente que abusa, torne o acesso às mídias sociais mais difícil. Desabilite as notificações que pipocam na parte superior da tela o tempo inteiro. Desinstale os aplicativos que ficam apitando. Busque diminuir, aos poucos, quanto tempo você passa nas redes. Se você olha sua timeline 20 vezes por dia, reduza para 15 na primeira semana e por aí vai.

O mesmo conselho se aplica aos games. É complicado parar de jogar de uma vez. Limite a quantidade de horas de jogo e o número de partidas, intercalando com outras atividades que drenam as forças da compulsão.

E, agora, por favor, curtam e compartilhem (com moderação!) este artigo para meu cérebro receber uma pequena dose de dopamina.

* Luiz Gustavo de Almeida é biólogo e pesquisador do Laboratório de Genética Bacteriana do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, coordenador dos projetos Cientistas Explicam e Pint of Science na cidade de São Paulo, além de fundador e colaborador do blog Café na Bancada 

Fonte:

https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/o-que-drogas-games-e-redes-sociais-tem-em-comum/

O que experts em dependência tecnológica pensam de “O Dilema das Redes”

André Bernardo


A atriz Juliana Paes perdeu o sono depois de assistir. A escritora Martha Medeiros sentiu o coração disparar. “Parecia que eu estava diante de um filme de terror”, relatou em uma crônica. Lá fora, George R.R. Martin, autor da saga que deu origem à série A Guerra dos Tronos, teve a mesma sensação. “Me assustou mais do que qualquer filme de terror que vi nos últimos 20 anos”, postou em seu Twitter. Mas, afinal, do que eles estão falando? O que será que os aterrorizou tanto?

Todos eles assistiram a O Dilema das Redes, da Netflix. Dirigido por Jeff Orlowski, o documentário mescla depoimentos reais de ex-executivos do Vale do Silício, na Califórnia, com cenas dramatizadas do impacto das redes sociais no cotidiano de uma família americana.

“O Google e as redes sociais sabem tudo sobre você: o que come, o que vê, o que lê, suas opiniões, seus posts, seus amigos, quem você segue, onde mora, quanto ganha, onde gasta, seus gostos e desgostos, sabe até o que você gostaria de ter”, resume o jornalista Nelson Motta na crônica Vampiros Digitais.

Mas houve quem não teve insônia nem sentiu taquicardia após o filme. São os especialistas em saúde mental que, há tempos, estudam os estragos da dependência tecnológica sobre seus pacientes. O coordenador do Programa de Dependentes de Internet do Ambulatório dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI), do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Cristiano Nabuco, é um deles.

“O documentário não me surpreendeu em nada. Falo sobre os perigos da dependência tecnológica há quase duas décadas”, diz. Surpreso ele ficou no dia em que atendeu um jovem de 17 anos que deu entrada no hospital depois de passar 55 horas conectado. “Mas como ele fazia suas necessidades?”, quis saber o psicólogo. “Ele urinava e defecava nas calças e, depois, jogava pela janela”, contou a mãe do rapaz. Chocante!

Para Nabuco, um dos méritos do filme foi mostrar como funcionam as engrenagens da chamada ciência da persuasão. Em gigantes como Google, Facebook e Twitter, designers e engenheiros são pagos – e muito bem pagos! – para desenvolver mais e melhores estratégias de engajamento digital. Ou seja, como convencer o internauta a permanecer mais tempo conectado, navegando por sites nunca antes navegados, e exposto a anunciantes famintos por compras online.

“Quanto mais tempo navegamos, mais lucros essas plataformas têm. Algumas delas já valem mais do que multinacionais de energia e petróleo. A última preocupação deles é com a nossa saúde mental”, adverte o psicólogo da USP. Coincidência ou não, o Brasil já ocupa o segundo lugar no ranking dos países que mais tempo passam online: são 9 horas e 29 minutos por dia! “Isso representa 110 dias por ano. São quase quatro meses com os olhos vidrados nas telas”, alerta Nabuco.

      1. Os aprendizes de feiticeiro

O ex-designer do Google, Tristan Harris, é um dos mais de 30 executivos da indústria de tecnologia que aceitaram gravar depoimento para Orlowski. É dele a aspa que tirou o sono de Juliana: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto!”. Há outras tão impactantes quanto, caso de “Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários: a de drogas e a de softwares”. Seu autor é Edward Tufte, professor da Universidade Yale, também em terra americana.

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O documentário entrevistou também Aza Raskin, o inventor do sistema de rolagem infinita; Guillaume Chaslot, um dos desenvolvedores do algoritmo que recomenda vídeos no YouTube, e Justin Rosenstein, um dos criadores do botão “Curtir” no Facebook.

Quem também apreciou a produção foi o psiquiatra Antônio Nardi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto Delete – Uso Consciente de Tecnologias. “O Dilema das Redes mostra, de forma interessante, como as redes sociais encorajam a dependência tecnológica. Apesar de não ser surpreendente, serve como advertência sobre os danos que podem causar”, afirma.

A cena que mais chamou sua atenção é a que retrata como os algoritmos monitoram nossos desejos e emoções e, a partir deles, selecionam os anúncios que serão exibidos em nossas telas. “É impressionante como a tecnologia pode mapear nossas preferências. O objetivo é um só: manipular nossas vontades, desde o que compramos até em quem votamos, sem nos darmos conta disso”, aponta.

Na opinião de Daniel Spritzer, mestre em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o maior mérito do filme é reunir, de maneira didática, uma série de informações sobre como as mídias sociais podem ser nocivas tanto às pessoas quanto à sociedade. “Mais do que apresentar soluções, o objetivo é conscientizar sobre o problema. É um assunto ainda muito pouco falado e discutido. Precisamos ir além das discussões acadêmicas e, se possível, conscientizar o maior número de pessoas”, diz o médico.

Fundador e coordenador do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (GEAT), Spritzer também destaca uma cena: a que mostra uma mãe de família que, na hora do jantar, recolhe os celulares do marido e dos filhos e os guarda num recipiente plástico por uma hora. “Então, sobre o que vamos falar?’, ela puxa conversa. A estratégia não dá certo. Basta um dos aparelhos receber uma notificação para todos ficarem, digamos, ansiosos.

“Posso ver quem é?”, pergunta Ben, um dos filhos. “Não”, responde ela, taxativa. Enquanto isso, a outra filha, Isla, levanta da mesa para pegar um garfo e, quando a família está distraída, quebra o pote e resgata seu celular lá de dentro. “A mãe tentou resolver de maneira simplista um problema complexo”, analisa Spritzer. “Medidas únicas e restritivas, por mais bem intencionadas que sejam, costumam não ter eficácia a longo prazo. Além disso, tendem a gerar reações exageradas de quem teve seu uso restringido”.

Aprecie com moderação

O que fazer, então, para se proteger? Os especialistas dão algumas dicas: estabelecer horários específicos para olhar o aparelho, desinstalar os aplicativos que não usa da tela principal, não levar o dispositivo para o quarto na hora de dormir, monitorar o tempo no celular e, pelo menos uma vez por semana, criar algo parecido com o “dia do detox”. Neste período, o usuário deve desligar o aparelho, guardá-lo numa gaveta e só religá-lo no dia seguinte.

Tem mais: que tal desativar os alertas sonoros que nos avisam da chegada de uma mensagem de WhatsApp ou de um like numa postagem de Facebook e que, a todo momento, nos impedem de nos concentrar no que estamos fazendo? Um estudo revelou que, em média, o indivíduo leva 24 minutos e 15 segundos para retomar seu raciocínio quando é interrompido por alguma dessas notificações.

“É preciso educar a população sobre a importância do uso consciente das tecnologias. Vamos deixar de usá-las? De jeito nenhum. Há benefícios? Claro que há. Mas há malefícios também”, resume Nabuco. “Nosso objetivo não é banir a tecnologia de nossas vidas, mas criar um senso crítico nas pessoas”, completa o psicólogo da USP.

Fonte:

https://saude.abril.com.br/blog/saude-e-pop/o-que-experts-em-dependencia-tecnologica-pensam-de-o-dilema-das-redes/

Filhos na Internet como acompanhar sem ser invasivo?

 Colégio Academia Juiz de Fora – Educação – Desenvolvido por Rock Content

A inserção dos filhos na internet é um assunto que preocupa pais de todos os cantos do mundo, afinal de contas, garantir a segurança em um espaço tão abrangente não é tarefa fácil. Contudo, essa meta deve ser colocada como uma das principais a se atingir.

Para garantir a boa educação dos filhos, é preciso estar a par do que eles estão fazendo, com quem interagem e sobre o que conversam. Isso não tem a ver com invasão de privacidade, mas é uma forma de tentar garantir a segurança deles. Entretanto, como tudo na vida, isso também exige limite para que eles não se sintam invadidos.

Por mais que a internet tenha trazido benefícios, como maior fluxo de informações e a possibilidade de se manter conectado com o mundo, também trouxe malefícios, como os crimes cibernéticos, por exemplo, o cyberbullying e a pedofilia praticada na rede. Para as crianças e adolescentes, pode ser mais difícil de identificar quando estão caindo em alguma “armadilha”.

Dessa forma, o acompanhamento deve ser constante! Quer saber mais sobre o assunto e como você pode estar presente na vida do seu filho(a) até no mundo virtual? Continue a leitura.

Por que acompanhar os filhos na internet?

Já parou para se perguntar o que o seu filho(a) faz na internet? No contexto atual em que vivemos, as crianças com menos de 7 anos de idade já têm perfil em alguma rede social. Apesar de ser uma realidade do mundo globalizado, esse fato só deve ser aceito quando há monitoramento e orientação por parte dos pais.

“Da mesma forma que você conversa com seus filhos sobre os riscos que existem ao sair na rua, na escola, no cinema […], você também deve orientá-lo em relação ao uso seguro da internet”, como bem disse Thiago Tavares, presidente da organização não governamental Safernet.

Como o número de usuários da internet cresce cada vez mais, os crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes também. Em alguns casos, se não há diálogo nem monitoramento, fica difícil identificar quando o seu filho(a) está sendo vítima. Por isso, o monitoramento e acompanhamento devem ser constantes:

  • em que sites navegam?

  • com quem e o que conversam no Facebook?

  • como se comportam no meio on-line?

  • estão sendo ofendidos e/ou ofendendo alguém?

Tudo isso pode influenciar na educação, pode determinar a inserção deles na sociedade e a forma como veem o mundo. Dessa forma, o controle e a vigilância são maneiras de garantir a segurança e a boa educação. Mas, a partir do momento que seu filho(a) se sentir invadido(a), é hora de repensar como isso está sendo feito.

Para entender melhor os motivos e a importância do acompanhamento, pode-se fazer uma comparação da internet com o mundo real: você deixaria o(a) seu(sua) filho(a) de 12 anos sozinho(a) na rua à noite? Levando em consideração tanto a segurança quanto o fato de que à noite é hora de dormir, o que ele(a) poderia estar fazendo na internet quando a maioria das pessoas do seu ciclo social já está dormindo?

Não pode se esquecer de deixar claro que as regras não foram impostas por falta de confiança nele(a), mas nos outros.

Como o acompanhamento e orientações podem ser feitas?

Um grande fato sobre a internet é que a informação está a apenas um clique de nós e o contato com pessoas que estão do outro lado do mundo é possível. Assim como pode ser um benefício, pode ser um malefício. Por isso, é preciso estabelecer regras e orientar os menores de idade para que saibam lidar melhor com a tecnologia.

Limite o tempo de navegação

O limite deve ser dado tanto pela segurança quanto pela saúde mental do(a) seu(sua) filho(a). Além de ele(a) precisar descansar, a chance de ameaças de pessoas mal-intencionadas aumenta em determinados períodos do dia, como de madrugada.

Para garantir que o tempo seja respeitado, pode-se até estabelecer a regra de desligar a internet durante a noite, por exemplo.

Coloque o computador em um local visível

Colocar o computador em áreas comuns da casa pode facilitar o monitoramento e diminuir os riscos.

Utilize softwares de monitoramento

Alguns especialistas recomendam a instalação de softwares para monitoramento e outros alertam para o grande risco que os pais correm utilizando-os: a desestruturação da relação de confiança com o(a) filho(a).

Como exemplo de software, temos o Free Facebook Monitoring, o qual é bloqueado por senha e captura tudo o que é feito no Facebook.

Não se esqueça do celular

Os dispositivos móveis têm sido uma alternativa para o computador. Para aliviar os pais, também há aplicativos de monitoramento para celulares:

  • para o sistema iOS, existe o Teensafe: (pago) é possível limitar o tempo de navegação, bloquear sites e ver as mensagens de texto e tudo o que é postado nas redes sociais;

  • para o Android, tem o Controle Parental Screen Time: (gratuito) é possível limitar o tempo navegado diariamente e bloquear determinados aplicativos.

Entenda e procure saber sobre as tendências digitais

Os pais devem procurar se informar cada vez mais sobre as novas tecnologias para terem recursos para dialogar com os seus filhos e para que o monitoramento seja cada vez mais eficaz. Como exemplo, já procurou saber sobre as redes sociais existentes além do Facebook e do Instagram? Ask.fm, Snapchat e Badoo também existem.

Estimule o diálogo

Mostre que você também está imerso no mundo on-line e converse com ele(a) sobre as novas tendências, os sites de que gosta e troque dicas. Assim, abrirá espaço para o diálogo.

Fale também sobre as suas experiências e o que aprendeu com elas. Diga como reagir caso passe por problemas. Mostre os riscos e demonstre que você só monitora porque realmente se importa com ele(a).

A conversa sempre será o melhor caminho. Você precisa ser franco com a criança e com o adolescente e tem que mostrar que pessoas mal-intencionadas existem em todo lugar, principalmente no mundo virtual, onde é possível fingir ser o que não é. Assim, em vez de se sentir invadido(a), seu filho(a) pode se sentir protegido(a) por você.

Evite a superexposição

Se o seu filho(a) estiver nas redes sociais, oriente-o(a) sobre a superexposição. O perfil deve ser restrito aos amigos da mesma idade e à família, não deve conter informações pessoais, nem fotos comprometedoras.

Como a escola pode ajudar?

Como a internet está ficando cada vez mais presente na vida de todos, provavelmente, o(a) seu(sua) filho(a) consegue ter acesso a ela em todos os lugares que frequenta, como na escola. Sabendo disso, a instituição deve ser de confiança, porque os professores também se tornam fundamentais nesse processo.

Então, a escola deve ter tradição e qualidade, e os educadores devem ser conscientes de seu papel formador. Além disso, deve estimular atividades extracurriculares, para que os alunos possam ocupar o tempo livre com atividades lúdicas, educativas e de lazer, como a inserção em projetos sociais, atividades esportivas e aulas de teatro.

Mas, como sabemos que em algum momento do dia a criança e/ou adolescente terá acesso à internet, algumas instituições já desenvolvem conteúdos para que o aluno acesse on-line de onde estiver. É uma continuação da escola em um ambiente inovador e muito utilizado.

O que fazer se o(a) seu(sua) filho(a) for vítima de crimes cibernéticos?

Mesmo que você tente desenvolver confiança na relação com o(a) seu(sua) filho(a) para que ele(a) fale as coisas boas e ruins que acontecem, às vezes, ele(a) pode estar sendo ameaçado(a), sentindo-se envergonhado(a) ou, até mesmo, alheio(a) à gravidade do problema.

Então, é sempre importante estar atento ao comportamento que ele(a) vem apresentando, como agressividade, falta de sono, desconforto quando está mexendo no computador e alguém está por perto, etc.

Mas, por mais que o acompanhamento e orientação sejam constantes, o risco ainda continua. Portanto, quando um crime for identificado, é importante:

  • não culpar seu(sua) filho(a);

  • manter a calma para que o criminoso seja devidamente punido;

  • informar às autoridades;

  • recolher o máximo de provas que puder;

  • transformar o acontecimento em uma lição para a vida.

Monitorar, vigiar, orientar, fornecer conteúdos de acordo com a faixa etária são as chaves para o(a) seu(sua) filho(a) faça um bom uso da tecnologia.

Fonte:

blog.academia.com.br/filhos-na-internet-como-acompanhar-sem-ser-invasivo/